terça-feira, maio 09, 2006

Dicionário Simbólico - Aliança



Palavra composta de origem latino-francesa.

Significa reunir, juntar, associar. Actualmente a expressão mais conhecida deste ritual é através de um anel de ouro colocado no dedo anelar, por ocasião do casamento, significando desta forma a união entre duas pessoas.

Em determinados graus de maçonaria, por exemplo, o recipiendário do grau recebe o seu anel confeccionado em marfim, simbolizando desta forma a união pura e mística.

Teologicamente chamamos aliança à união do homem com o seu Criador, nomeadamente a aliança entre Jeová e Abraão. Patriarca dos hebreus, dos cristãos e dos muçulmanos.

A aliança ou pacto foi o “contrato” que Deus formulou com o homem que criou e valorizou sobre tudo o resto, pois em si ele contém o Cosmos e os vários Universos.

Ao criar o mundo Iavé disse: "Façamos o homem à nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre o gado e sobre toda a Terra e sobre todo o animal réptil que se arrasta sobre o solo". (Gênesis I, 26:28).

A primeira aliança foi de Deus para consigo mesmo, ou seja, foi uma disposição unilateral, pois considerava o homem como uma criação sua, tendo sobre ele pleno domínio.

Assim que criou o homem: "Iavé Deus tomou ao homem e o colocou no jardim Éden para que o cultivasse e guardasse. E Iavé Deus impôs ao homem um preceito, dizendo:" "De todas as árvores do jardim podes comer sem receio". Porém da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que comeres morrerás irremediavelmente"".

Este pacto, Adão e Eva, aceitaram tacitamente, no entanto ignoravam o que poderia significar "o conhecimento".

Como é sabido, esta aliança durou pouco, porque a inteligência nata ou gnóstica, começou a despertar, sendo mais acentuada em Eva, pela intuição. Aceitou a sugestão da serpente e atraída pela beleza do fruto daquela árvore proibida, não só a colheu, como comeu e deu a Adão para que, ele também, a ingerisse. Rompera-se o pacto.

Os primeiros seres humanos passaram a usar dos meios que dispunham e procriaram em número suficiente até se estabelecerem, após inúmeros séculos, numa comunidade que desenvolvia paralelamente com a inteligência, os seus instintos, provocando grande preocupação a Iavé. Que realizou o Dilúvio, o sacrifício da grande maioria da humanidade, no entanto permitiu a preservação dos que ingressaram na Arca de Noé, para que dessem continuidade a uma renovada e repovoada Terra, tanto com animais seleccionados como com as pessoas, então Iavé propôs um segundo pacto: "Estabelecerei uma Aliança convosco e com vossa descendência de que não haverá mais um Dilúvio para destruir a Terra; como símbolo, porei um Arco entre as nuvens como sinal da minha "Aliança".

Novamente, passados muitos séculos, o homem voltou a esquecer o pacto realizado, no entanto, e mais uma vez, Deus concedeu nova oportunidade à humanidade e, dirigindo-se a Abraão ordenou-lhe que largasse tudo, deixasse família e se preparasse para dar inicio a uma nova aliança com Iavé. Ordenou-lhe que se dirigisse à terra de Canaã apresentando-lhe uma nova Aliança: "Eis aqui meu pacto contigo: serás pai de uma multidão de povos... Eu estabeleço contigo e com a tua descendência, depois de ti por suas gerações, meu pacto eterno de ser teu Deus e o de tua descendência... Isto observarás tu e tua descendência, depois de ti, circuncidarás todo o varão e isso será o sinal do pacto entre mim e vós".

As Alianças estabelecidas apresentavam sempre um símbolo. A circuncisão, que é a retirada da pele que encobre o prepúcio do membro sexual masculino, manteve a simbologia do Círculo.

O primeiro círculo da aliança foi o Arco-Íris, um semicírculo; depois, a pele em forma de anel. Passaram-se os séculos e vamos encontrar o povo de Deus envolvido nas mais emocionantes sagas, até que assolados por uma interminável seca, buscaram nas terras egípcias o alimento e ali se estabeleceram e cresceram a ponto de preocupar os Egípcios que ficavam em minoria. Após duras provas, perseguições e escravidão, Moisés os retiraria do Egipto e na longa caminhada expiatória, andando em círculos no deserto, surge o episodio da Aliança do Sinai, quando Moisés recebeu as condições da nova Aliança, representadas pelos Dez Mandamentos.

As Tábuas da Lei, novo símbolo visível e que seria preservado, colocado dentro de uma Arca que passou a denominar-se de a "Arca da Aliança", misteriosamente desaparecida quando os Babilónios arrasaram o Grande Templo de Salomão. Quando essa Arca for encontrada, pois permanece misteriosamente oculta, hão-de surgir acontecimentos estranhos.

Longo período de desencantos e desobediências, referidas pelo profeta Jeremias: "Desde o dia em que vossos pais saíram do Egipto, até hoje, lhes enviei meus servos, os profetas, dia após dia. Porém, não me escutaram, não me prestaram ouvidos e endureceram o seu coração e obraram pior que seus pais". O profeta Jeremias anuncia uma nova Aliança: "Eis que aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova Aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme a Aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egipto, porquanto eles anularam a minha Aliança, não obstante Eu os haver desposado, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Na mente lhes imprimirei as minhas leis e também no coração lhes inscreverei; eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Não ensinará nada jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades, e dos seus pecados jamais me lembrarei".

Contudo, e mais uma vez, o povo de Deus não se manteve fiel ao pacto e como castigo houve "Diáspora", ou seja, a dispersão do povo hebreu. O símbolo desta Aliança entretanto perdida foi a destruição do Templo de Salomão.

Finalmente, surge uma "penúltima Aliança", denominada de "A Aliança do espírito", tendo por símbolo a pessoa de Jesus. O plano da Salvação através de quem Iavé denominou de seu Filho Predilecto.

O alcançar o esperado retorna às primeiras condições, a um segundo Jardim do Éden numa concepção esotérico-espiritual, descrita como sendo a Jerusalém Celeste.

Até lá, os místicos estão na expectativa de uma última Aliança, porque durante dois mil anos, a pregação de Jesus perde-se no egocentrismo da Humanidade que tem a Deus como um mito e não como seu Criador.

Muito têm especulado sobre essa Nova Jerusalém, havendo nações que a reclamam de há muito, como a portuguesa, cujo desígnio ou missão, segundo muitos, passa exactamente pela edificação da mesma, daí o seu nome – Porto do Graal.